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Archive for the ‘BAILES’ Category

BAILES

Eu não poderia deixar de falar deste assunto, pois foi uma das melhores fases da minha vida.

Dentre as minhas atividades, das quais cito como acima da média foi a de dançarino de dança de salão.

Ainda hoje, quando vou a um hotel ou restaurante com musica ao vivo, fico com inveja dos casais que estão dançando bem.

Porque não danço mais,  se a dança de salão é uma das atividades favoritas do pessoal da terceira idade?

Acontece o seguinte, a minha esposa, apesar de eu tê-la conhecido em um baile, é um pouco dura para dançar e embora  conheça bem  os passos, não consegue entrar no ritmo.

Por outro lado, tem aquela velha máxima que diz que levar a nomorada ao baile é o mesmo que ir ao churrasco e levar sanduiche.

Outra desculpa é o tênis.  Estou viciado neste tipo de calçado que, realmente, não é apropriado para dança de salão.

O ideal seria um sapato de sola de couro e nunca me lembro de levar um.

Aliás, sempre íamos aos bailes trajados a rigor com sapato bico fino bem engraxado. Eu tive um terno de linho branco que quando eu abria o armário ele já sabia, hoje tem baile.

Nas décadas de 50 e 60 não perdia um baile. Dançava com várias garotas durante o baile, umas porque eram minhas amigas, outras porque dançavam bem e algumas para paquerar.

Dançamos agarradinhos e na maioria das vezes de rosto colado. Sempre tinha uma que ficava reservada  para sair e namorar no fim do baile.

A cantada era levar pra casa.  As vezes, quando tinha garota nova, havia até uma disputa entre os bacanas.

Uma vez, peguei um valentão que queria me bater, consegui acalmá-lo e convencê-lo que estava errado e no dia seguinte ele veio me pedir desculpas e agradecer por ter evitado que ele desse vexame no clube, onde ele já estava manjado.

Naquele tempo, não tinha pilula, nem motel e só namorávamos mesmo era  nos portões das casas,  as vezes dava zebra e não pintava nem um beijinho.

Ainda sobre o tema, tem uma entrevista do vice- presidente  José Alencar em que o reporter peguntou sobre uma mulher que dizia ser sua filha e estava reinvidicando paternidade,  e ele, gente finíssima e simples, com a maior sinceridade respondeu:

No meu tempo a gente só transava  na ZONA e eu não tive amores ou amizades com nenhuma delas.

Como na época eu era um ilústre desconhecido, retrucou,  se isto aconteceu foi pura fatalidade. O reporter entendeu a mensagem e perguntou, então só pode ser filha da P.?

Constrangido o Zé Alencar, não, pelo amor de Deus eu não quiz dizer isto.

Quando não tinha baile em Mococa, sabiamos sempre em qual cidade vizinha ia ter um. Alugávamos taxi e não perdiamos nenhum destes eventos. Ninguém da turma tinha carro.

A cidade de Tapiratiba era sempre a mais esperada, as garotas eram bonitas e nos bailes tinha sempre mulher sobrando (pelo menos umas 4 para cada homem). No carnaval era comum  eu ficar acompanhado de duas.

Eu dançava tão bem que para a minha formatura de Técnico em Contabiliade, escolhi como madrinha a minha amiga Dirce,  que era uma excelente dançarina. Dançamos uma valsa espetacular, rodávamos tanto para a direita como para a esquerda e ocupávamos todo o salão. A  maioria quando dança a valsa, só gira para a direita.

Dancei com todas as orquestras que haviam na época: A Tabajara de Severino Araujo, Sylvio Mazzuca, Românticos de Cuba, Pedrinho de Guararapes que era do interior, mas muito boa, Al Mônaco que tocava um pistão (trumpet) maravilhoso e saía tocando no meio  do salão, Osmar Milani, Erlon Chaves  e  por último,  Enrico Simonetti em São Paulo qu  foi  quando conheci a minha esposa.

Tive a honra de tomar rabo de galo com moço desconhecido, mais ou menos da minha idade, descoberto por Renato Murce da Rádio Nacional do RJ, que na ocasião me falou: Este moço vai ser um dos maiores violonistas do Brasil.

Era nada mais, nada menos que Baden Powel.  Bebia todas, parou de beber e já  m o r r e u. Evidentemente que não foi porque parou de beber.

Várias vezes, depois dos bailes, tomávamos cervejas e comíamos um legítimo baurú em em bar de Mococa, acompanhados de Jorge Goulart e Nora Nei, gentes   finas e  assíduos frequentadores de Mococa.

Quando mudei para São Paulo, frequentei todos os salões, O Clube Esso, Atlantic, o Avenida Danças e até a gafieira Som de Cristal.

Em alguns,  não dava para enfrentar as feras dançando e ficava só apreciando as Orquestras e os Cantores.

No Avenida Danças na Av. Ipiranga cheguei a ver o Miltinho cantar. Sou fã dele até hoje.

As dançarinas pelo sistema de Taxi Girl, dançavam muito bem, picavam cartão para marcar o tempo dançado e só podiam sair com algum cliente, depois das 4 quando fechava o estabelecimento.

Eu como estava sempre duro, acho que dancei só uma ou duas vezes com estas profissionais. Ficava como sempre, apreciando a orquestra e os cantores que eram muito bons.

Passei, então, a procurar bailes em clubes, Palácio Mauá, Club Homs, Casa de Portugal, etc.

Foi aí que eu dancei.

Estava na porta do Club Homs, na Avenida Paulista que estava tendo um baile e não estavam deixando ninguém entrar, só os convidados dos promotores da festa.   Um rapaz  me disse que na Casa de Portugal estava tocando o Enrico Simonetti, mas  era baile da colônia japonesa,  só tinha japonês.  Como estava doido para conhecer a orquestra do Simonetti, fui lá e consegui entrar com facilidade.

CONCLUSÃO: Fiquei conhecendo a minha esposa, dei aquela paquerada, amor a primeira vista e marcamos encontro no Largo de Moema para o dia seguinte.

Era solteirão convicto e com 29 anos não pensava em me casar.

O destino é uma coisa muito séria, não costumava dar moleza para as namoradas, nunca esperei mais de 15 minutos de atraso nos encontros marcados. Com a minha esposa aconteceu o impossível, ela atrasou 1 hora e meia e eu fiquei esperando porque não tinha como encontrá-la de novo.

Deu no que deu, eu e a Dona Olga estamos casados  a   46 anos.  Me enforquei no dia de Tiradentes, 21 de abril de 1965

 

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